quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sonho

É uma noite qualquer de um dia qualquer.
Mas mesmo em noites como essa, a mágica é possível.
Quando ela acontece, você sente.
O sorriso é inevitável... E que sorriso, eu penso.
Nunca um abraço foi tão forte, quente e prazeroso.
Encaro aqueles olhinhos levemente fechados, incapazes de se abrir diante das lágrimas.
É o momento que eu levarei pro resto da minha vida...
A luz está na medida certa, não há pessoas para interromper.
Um silêncio maravilhoso se faz presente, mas não por completo.
No fundo, lá no fundo dos nossos ouvidos há algo...
É a trilha sonora da vida tocando desinibida, dando a sua graça.
E o que vem na minha cabeça é que alguém lá em cima está cuidando desse momento. Isso me trás a paz necessária.
Eu olho e penso no quanto ela é linda.
Sinto que faria qualquer coisa por ela, quero protegê-la, quero cuidar dela.
Sei que não serei verdadeiramente feliz com mais ninguém,
que eu sou encantado com cada qualidade, defeito, com cada detalhe dela.
E não poderia viver sem isso.
Nesse momento eu me assusto, repasso o que acabei de pensar:
Eu não poderia viver nem mesmo sem os defeitos dela...
Logo eu. Aquilo me faz bem.

É tão claro pra mim, olhando aquele rosto, dos cabelos loiros, passando pelos olhos ainda em prantos, o nariz com pircing sensual, a boquinha pequena... Tudo foi feito pra mim, isso me faz um bem indescritível.
Ali, na minha frente, está tudo o que eu sempre quis.
E tudo isso está explodindo dentro do meu peito, querendo sair de qualquer forma, eu não sou mais capaz de resistir.
Como um milagre em forma de palavras, eu quebro o silêncio:
“Eu te amo".
A frase mais sincera que já saiu da minha boca,
a mágica acontecendo pura e simples,
em uma noite qualquer de um dia qualquer,
o momento mais especial.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia de chuva

Por um instante me imaginei chutando a chuva, correndo pela rua comum de um bairro comum.
Eu estava feliz, não sabia onde estava indo e isso não fazia a menor diferença porque, no final das contas, eu só queria estar em movimento.
Não era um dia triste, longe disso. Chovia enquanto o sol brilhava.
E eu sabia que em algum lugar havia um lindo arco-íris. Isso aliviou meu coração.
O cheiro era diferente ali, o vento acariciava como nunca antes o meu corpo molhado.
A bermuda era a minha única peça de roupa. Nada de blusas, sempre as detestei. E calçados... Faça-me o favor! Nunca se é livre o suficiente com sandálias ou tênis.
Pra ser livre é preciso estar descalço, sentir o chão onde se pisa.
Em algum momento no tempo aparentemente infinito, cansei. E foi aí que eu sentei na calçada.
Pessoas passavam, algumas correndo, outras com guarda-chuva. Todas se protegendo de alguma forma.
Carros passavam velozes jogando água para tudo quanto é lado.
Eu não estava nem aí para nada, só queria curtir aquele momento.
Fiquei ali por tempo suficiente pra entender que não havia nada para ser entendido.
Em momentos como esse, você só sente... E eu senti.
Decidi voltar pra casa, um banho quente é sempre o melhor a se fazer depois de tomar chuva.

domingo, 4 de julho de 2010

A genialidade do convencimento poético

O filho se aproximou do pai e disse:
-Pai, o senhor acha que conseguiu aproveitar a vida?
-Que pergunta interessante... - ponderou ele - Interessante. Bom, eu não precisaria pensar muito para dizer que sim. É óbvio que não está nos meus planos morrer por agora, e isso seria suficientemente ruim. Mas, se acontecesse, eu poderia dizer que sim.
-Achei mesmo que fosse o que você responderia. Que bom.
-É, não há nada que traga maior tranquilidade do que poder dizer que se viveu bem.
-Com toda certeza, pai. - Dizendo isso, o garoto se virou para ir. Mas ele deu dois passos e parou.
-Pai?
-Estou ouvindo.
-Me diga sobre o seus vinte anos. O senhor se lembra de algo realmente marcante?
-Deixe-me pensar... Oh, sim. Como me lembro. Eu tinha meus vinte e poucos anos, acho que vinte e um, talvez vinte e dois. Bom, não importa. Naquele dia meu pai me emprestou o carro. Saí com meus amigos, aprontamos muito! Fomos em várias festas. Ah, eram outros tempos, havia muitas festas e você apenas entrava na casa das pessoas sem nem mesmo conhecê-las. Não havia essa violência toda, você sabe. E foi em uma daquelas casas que eu a encontrei... Sua mãe. Linda de morrer! Trocamos olhares, trocamos sorrisos, beijamo-nos. Jamais vou esquecer! - concluiu ele com olhos nostálgicos.
-Imagino. Deve ter sido um dos capítulos mais bonitos da sua história.
-Não tenha dúvidas, não tenha dúvidas.
-Pai...
-Sim meu filho - disse agora enxugando as lágrimas.
-Eu tenho 21 anos e preciso do carro. Se o senhor não me emprestar, não terei o que contar aos meus filhos.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Estamos fora

Ainda carrego comigo lembranças da Copa de 2006.
Lá estava uma seleção realmente formada por craques: Adriano, Robinho, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Zé Roberto, Cafu, Lúcio, Juan... Que seleção era aquela! E lá estava o meu ídolo máximo, o melhor que eu vi em campo, Ronaldo.
Mas eu vi uma seleção histórica ser destroçada por um senhor calvo e elegante que jogava com a dez. Ele mesmo, Zidane.
Como eu senti raiva naquele dia... Ver o marrento Henry comemorando o gol que nos eliminou. E pior, ver aquela seleção incrivelmente talentosa, atuar de forma tão vergonhosa. Ninguém corria, ninguém chamava a responsabilidade, ninguém deu o sangue. Raiva.
Estávamos fora.
Quatro anos se passaram e lá estávamos nós outra vez.
Nem de longe essa seleção lembrou o talento de 2006, mas eu confiei.
Primeiro porque sou Brasil acima de tudo. Independente de quem esteja lá, eu estou junto. Segundo porque era o Dunga quem estava dirigindo. Já escutei uma porção de coisas sobre ele, algumas realmente interessantes, outras, bobagens.
O Dunga foi o capitão da minha infância. O cara que eu respeitava dentro do campo, que gritava com qualquer um e com todo mundo. Um capitão de verdade.
Nunca vou esquecer ele erguendo a taça em 94. Nunca vou esquecer ele comemorando a conversão do pênalti em 98.
Capitão desde o Sub-20, três copas do mundo, duas finais, tetra campeão mundial.
Se foi cabeça dura? Foi. Mas esse é o Dunga. Acreditou no grupo, caminhou com o grupo, morreu com o grupo.
Estamos fora.
O Felipe Melo é um juvenil! A camisa 9 do Ronaldo pesou pro Luis Fabiano. Me comovi com o choro do Kaká, mas isso não muda o fato de ele não ter conseguido ser protagonista em uma Copa. E o Robinho... O Robinho... Deixa pra lá.
Fizemos tudo diferente de 2006, fomos eliminados nas quartas como em 2006.
Mas não posso concordar que foi a mesma coisa, porque não foi.
Hoje eu vi um time limitado que se esforçou, que tentou, que buscou... Correram e lutaram. Se fomos eliminados, foi por incompetência, não por displicência.
Hoje eu não senti raiva, senti tristeza.
Estamos fora.