domingo, 4 de julho de 2010

A genialidade do convencimento poético

O filho se aproximou do pai e disse:
-Pai, o senhor acha que conseguiu aproveitar a vida?
-Que pergunta interessante... - ponderou ele - Interessante. Bom, eu não precisaria pensar muito para dizer que sim. É óbvio que não está nos meus planos morrer por agora, e isso seria suficientemente ruim. Mas, se acontecesse, eu poderia dizer que sim.
-Achei mesmo que fosse o que você responderia. Que bom.
-É, não há nada que traga maior tranquilidade do que poder dizer que se viveu bem.
-Com toda certeza, pai. - Dizendo isso, o garoto se virou para ir. Mas ele deu dois passos e parou.
-Pai?
-Estou ouvindo.
-Me diga sobre o seus vinte anos. O senhor se lembra de algo realmente marcante?
-Deixe-me pensar... Oh, sim. Como me lembro. Eu tinha meus vinte e poucos anos, acho que vinte e um, talvez vinte e dois. Bom, não importa. Naquele dia meu pai me emprestou o carro. Saí com meus amigos, aprontamos muito! Fomos em várias festas. Ah, eram outros tempos, havia muitas festas e você apenas entrava na casa das pessoas sem nem mesmo conhecê-las. Não havia essa violência toda, você sabe. E foi em uma daquelas casas que eu a encontrei... Sua mãe. Linda de morrer! Trocamos olhares, trocamos sorrisos, beijamo-nos. Jamais vou esquecer! - concluiu ele com olhos nostálgicos.
-Imagino. Deve ter sido um dos capítulos mais bonitos da sua história.
-Não tenha dúvidas, não tenha dúvidas.
-Pai...
-Sim meu filho - disse agora enxugando as lágrimas.
-Eu tenho 21 anos e preciso do carro. Se o senhor não me emprestar, não terei o que contar aos meus filhos.

Um comentário:

KaTiTa disse...

Essa história é verídica né?! Sr. Giani e Giani Jr.??? kkkkkkk