sexta-feira, 11 de junho de 2010

Carpe Diem

Caminhou embaraçosamente pela caçada fria e deserta.
Não sabia como as coisas haviam chegado naquele ponto. Ele estava lá, o tempo todo, mas não sabia dizer.
De uma hora pra outra elas foram acontecendo, algumas tomando forma, outras se desfazendo diante dos seus olhos.
Era ali que se encontrava naquele momento, a cabeça vazia, o peito cheio.
E pensando bem era exatamente daquela forma que ele queria que estivesse, porque era mesmo com o peito que falaria.
É claro que a coragem não veio como vem um desejo. A não, essa tal tem vontade própria. Mas ele não deixaria de estar na presença dela naquela noite jamais.
E a chamou da forma mais poética e bonita que um ser humano poderia, pelo auto convencimento verdadeiro.
Ele pensou sozinho alguns minutos antes...
"A vida está acontecendo nesse momento. E eu tenho poucos desses, porque a vida é curta. E se daqui a pouco, quando eu descer do ônibus, viesse um homem desesperado com a própria vida e ao tentar me assaltar, me desse um tiro? Bom, provavelmente eu morreria. E isso já seria ruim o suficiente. Mas poderia ser pior. E se viesse um anjo como nos filmes, vestido de branco, sei lá, e me perguntasse se eu estaria indo embora feliz, se eu havia feito tudo o que eu tive vontade, o que será que eu responderia? Eu responderia... Não".
É por isso que ele estava ali, é por isso que ele seguia mesmo com as pernas vacilantes. Ele estava escrevendo a própria história, estava substituindo a frustração certa, pela dúvida do tentar. E convenhamos, tentar é viver.
Finalmente chegou na porta do bar, ali estava cheio e barulhento. Ela estava sentada em uma mesa na calçada, sozinha. Sorriu quando o viu voltar.
"Oi". Foi o que ele disse. Se ela respondeu e o convidou pra sentar, se eles conversaram por horas e nunca se ligaram, se casaram e tiveram filhos, se viraram grandes amigos, ou quem sabe viveram uma paixão dessas que só se vive uma vez na vida... Nada disso importa. O que importa, é que ele tentou.
E agora já poderia dizer sim ao anjo de branco.

Um comentário:

Roberta disse...

que bonito xuxu ^^
isso é carpe diem :)