domingo, 14 de março de 2010

Mentes criminosas: Capitúlo 1 - O quarto

Era o apartamento 106. Havia um certo ar de solidão naquele andar, mas nada parecia tão distante e frio quanto aquele apê.
Foi pensando nisso que Marcos Correa se permitiu a dois, talvez três minutos antes de bater.
Toc toc. Nada pôde ser ouvido. Toc toc. Nada.
"Abra, senhor Moisés, preciso falar com o senhor. Agora."
Não obteve nenhum tipo de resposta.
Tentou, talvez por um estimulo fora do campo racional a maçaneta e, pra sua surpresa, ela cedeu.
O cômodo estava bastante escuro. Parecia muito com uma sala, sim era isso mesmo, o sofá denunciara.
Olhou demoradamente tentando detalhar tudo o que a visão lhe mostrava. Ele era bom nisso, conseguia com facilidade guardar detalhadamente cenas, fisionomias e acontecimentos.
Sofá, televisão, mesinha de centro, relógio na parede, luz com ventilador, quadros, janela aberta, cortina fechada...
Não havia nada de excepcional ali. Preferiu adentrar sem ascender nenhum tipo de luz, teve a impressão que seria mais prudente daquela forma, embora estaria mais vulnerável.
Caminhou vagarosamente, os tapetes ajudaram bastante nesse propósito.
Passou pela cozinha como se ali não houvesse uma entrada, de alguma forma, sabia que não era ali onde sua experiência o levaria. Finalmente chegou ao final do cômodo, onde havia um corredor.
Um sorriso bem familiar de seus amigos, da irmã e principalmente da mãe, apareceu em sua face. Era um sorriso de quem diz, "Eu sou bom nisso". Havia uma luz que saia por entre a fresta da última porta.
Correu como se de repente o silêncio fosse dispensável, e a pressa um tesouro a ser usado.
Empurrou com toda a força que pôde a porta deixando que a luz inundasse sua visão já acostumada às trevas.
O cérebro é como um sábio que está sempre à frente do seu discípulo. Ele prepara a mente para possíveis acontecimentos, tentando sempre premeditar o que está por vir. É uma das formas mais fascinantes de nos manter vivos. Mas, quando o que nos é apresentado foge totalmente ao que foi antecipado, as dificuldades de se compreender o que está acontecendo e, naturalmente de reação, são enormes.
Marcos sentiu isso. Pela primeira vez na vida não conseguiu ter a dimensão da cena.
O quarto era inesperadamente espaçoso e pouco decorado. Tudo era muito branco e claro. Mas isso só foi sentido por ele de uma forma tangencial. O seu foco se concentrou em coisas, digamos, muito mais chamativas. Havia um leão enjaulado, uma mulher presa de cabeça para baixo e um homem de mochila.


Continua na próxima semana.

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