quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A porta

A porta barulhenta do décimo quinto andar, daquele prédio antigo do centro, bateu seca e fria.
Aquilo demonstrava bem o que acontecera ali entre os dois: Mais uma discussão.
Ele achava que ela não o entendia. Ela se sentia só.
Foi por isso que, sem saber, discutiram. E discutiam regularmente.
Alguns minutos depois a porta se abriu excitantemente, e foi fechada com mãos de sorrisos.
Aliás, todos os dias naquele mesmo horário, o tal engravatado vinha vê-la e lhe dava com prazer carnal a ausência que sentia de sentimento.
Mas naquele dia a porta se abriu inesperadamente de forma apressada e descuidada...
Falta de sorte, diriam. Pois eu acho que uma boa estatística prova que a repetição do evento inevitavelmente conspiraria para aquilo.
Ele só saiu pela porta uma hora mais tarde, algemado e acompanhado por homens fardados.
Ela continuou por ali, remoendo as lágrimas, não se sabe se pelo morto ou pelo preso.
E quando finalmente decidiu sair, trocou a barulhenta porta pela silenciosa janela.

5 comentários:

jeje disse...

omg! adultério! haha
muito bom amor, lembrei até de um apartamento velho do centro que eu conheço. EU SOU SUA FÃ NUMBA ONE!
só pra deixar claro mesmo.:*

Trovador Lendário disse...

Grande final! Grande final! Muito bom cara, !



Força sempre!

Yuri Manzi disse...

Grande Danillo, sempre bom receber seus comentários! Abração

Maykon de Souza disse...

Ótimo texto...final surpreendente!!!

Gilmar Jr. disse...

Lindo. Just it.