A porta barulhenta do décimo quinto andar, daquele prédio antigo do centro, bateu seca e fria.
Aquilo demonstrava bem o que acontecera ali entre os dois: Mais uma discussão.
Ele achava que ela não o entendia. Ela se sentia só.
Foi por isso que, sem saber, discutiram. E discutiam regularmente.
Alguns minutos depois a porta se abriu excitantemente, e foi fechada com mãos de sorrisos.
Aliás, todos os dias naquele mesmo horário, o tal engravatado vinha vê-la e lhe dava com prazer carnal a ausência que sentia de sentimento.
Mas naquele dia a porta se abriu inesperadamente de forma apressada e descuidada...
Falta de sorte, diriam. Pois eu acho que uma boa estatística prova que a repetição do evento inevitavelmente conspiraria para aquilo.
Ele só saiu pela porta uma hora mais tarde, algemado e acompanhado por homens fardados.
Ela continuou por ali, remoendo as lágrimas, não se sabe se pelo morto ou pelo preso.
E quando finalmente decidiu sair, trocou a barulhenta porta pela silenciosa janela.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
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