Hoje não era um bom dia, definitivamente não.
Acordei atrasado e cansado, algumas coisas deram errado no trabalho, e o ônibus da volta demorou mais do que de costume.
Tive que ir em pé. Enquanto, dentro dos meus pensamentos, mandava o mundo pra puta que pariu, uma pessoa se levantou.
"Ao menos isso", pensei. E sentei.
Agora sei muito bem que aquilo não foi por acaso. Eu precisava estar sentado pra ver o que viria.
Fiquei olhando pela janela, vendo rostos e rodas passando muito depressa por causa da velocidade do ônibus.
Entre os prédios há muito velhos do Setor Central, algo estranhamente inesperado foi captado pelos meus olhos:
Uma árvore.
Mas não era uma árvore qualquer.
Ela era alta, de forma que tive que olhar para o céu para ver até onde ia, de tronco grosso e escuro que contrastava das folhas muito amarelas e vivas... Única.
A impressão que eu tive foi que ela estava em uma outra freqüência, em outro tempo. Parecia que ali o tempo passava mais lentamente.
As folhas que caiam dançavam suavemente até tocar o chão.
Aquela árvore não combinava com o lugar onde estava. Parecia um santuário entre a selva de pedra.
Senti paz, senti Deus.
Gostaria de poder ter ficado o resto do dia olhando para ela.
O curioso, é que há alguns meses eu estava escrevendo meu livro e tive a vontade de escrever sobre uma árvore que teria muita relevância pra trama. Imaginei ela, trabalhei a imagem dela nos meus pensamentos... Era linda.
Hoje eu pude vê-la no meio da rua.
Amanhã voltarei lá, só pra ter certeza que não foi imaginação.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
O ônibus
Havia um velho e um menino sentados no ponto de ônibus.
Nada podia ser ouvido além do vento, quando o menino fez-se ouvir:
-Tio, de onde o ônibus vem?
O velho olhou com curiosidade para o menino pensando como uma mente tão nova pudesse fazer reflexões como aquela.
Por um momento, ele considerou explicar racionalmente, falar sobre a garagem, sobre o serviço que a empresa prestava à cidade. Mas então, ele se lembrou que um coração como aquele ainda não havia sido tocado com as verdades secas do mundo.
-Eles vêm de um lugar chamado "Amanhecer" - começou ele -, é um lugar que homem algum jamais pisou. As portas são feitas de nuvens, e há um arco-íris grande e colorido. Lá, só existe felicidade. O sol é mais claro, o mar é mais refrescante, e os ônibus são criados com o cuspe de dragões grandes e roxos.
Os olhos do menino brilharam enquanto ele olhava o final da rua.
O velho não sabia (como poderia?), mas o menino havia acabado de ser abandonado pela mãe, que disse que ele precisava pegar um ônibus enquanto ela ia a algum lugar qualquer.
Aquela história não levou o menino a nenhum lugar seguro, mas fez da viagem um fardo menos pesado.
Nada podia ser ouvido além do vento, quando o menino fez-se ouvir:
-Tio, de onde o ônibus vem?
O velho olhou com curiosidade para o menino pensando como uma mente tão nova pudesse fazer reflexões como aquela.
Por um momento, ele considerou explicar racionalmente, falar sobre a garagem, sobre o serviço que a empresa prestava à cidade. Mas então, ele se lembrou que um coração como aquele ainda não havia sido tocado com as verdades secas do mundo.
-Eles vêm de um lugar chamado "Amanhecer" - começou ele -, é um lugar que homem algum jamais pisou. As portas são feitas de nuvens, e há um arco-íris grande e colorido. Lá, só existe felicidade. O sol é mais claro, o mar é mais refrescante, e os ônibus são criados com o cuspe de dragões grandes e roxos.
Os olhos do menino brilharam enquanto ele olhava o final da rua.
O velho não sabia (como poderia?), mas o menino havia acabado de ser abandonado pela mãe, que disse que ele precisava pegar um ônibus enquanto ela ia a algum lugar qualquer.
Aquela história não levou o menino a nenhum lugar seguro, mas fez da viagem um fardo menos pesado.
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