sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Face diante do espelho

Socou com força a pia do lavatório.
Por um momento ficou parado, somente o silêncio e o soluço.
Devagar subiu o olhar vermelho e aguado para ver, diante do espelho, o que torna o ser humano tão especial: O sentimentalismo. E chorou ao ver a própria face.
Por que ele dissera aquilo? Por que somos tão explosivos e extremistas?
Já não bastava a perda da mãe e do irmão de um só vez? Era pra ser a origem de uma vida, mas foi a causa de duas mortes. E logo em seguida a depressão do pai.
Tudo isso já não era suficiente?
Precisava mesmo chamar o pai de alcoólatra, de dizer que iria embora e o abandonaria?
A vida já fora cruel demais com aquela família. Não havia mais necessidade de que fossem um com o outro.
Mas haviam sido.
E isso o machucou profundamente. Ele pensou tudo isso diante do espelho, antes de quebrá-lo com um soco. Queria gritar, mas apenas chorou.
Viver dói.

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