quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Borboletas roubadas

É engraçado como alguns minutos podem significar um período inteiro de nossas vidas. Talvez, no fim das contas, quem estava certo era aquele cientista irreverente da imagem da língua pra fora. O tempo realmente é muito mais complexo do que podemos constatar em um relógio.
E foi nessa complexidade que ele se encontrava. O Ele pode ser o seu amigo Junior, ou a sua prima Renata. Não importa. Poderia ser qualquer um, em qualquer lugar, de qualquer época. Mas era ele, e era naquele momento.
Suando frio, começou a analisar a situação. Nunca imaginou que algo daquele tipo poderia acontecer. Onde estavam, cadê aquelas preciosidades que tanto admirava? Estava tudo muito escuro, o frio era de machucar a pele.
Correu desesperadamente entre as árvores, olhando tudo o que poderia ser anexado ao campo da visão como que implorando por alguma ajuda. Mas ela não veio.
E ele correu o quanto pôde, talvez até mais do que pôde. A ciência explica essa quebra na barreira do limite diante de situações de extremo pavor e/ou excitação. Os efeitos da adrenalina são incríveis!
Logo, e entendam logo como uma expressão utilizada para demonstrar uma noção de tempo de quem narra algo de fora, começou a chover. Uma chuva grossa e pesada. Tudo ficou tão difícil, tão complicado. Ele sabia que não haveria escolha, que nada mais adiantaria.
Ao invés de parar, acelerou a corrida, e bateu em várias coisas da natureza, coisas pesadas, coisas cortantes, coisas pegajosas. Mas não parou, apenas correu. Correu até sair do meio das árvores, para um lugar aberto que dava em um penhasco aparentemente sem fim. E sentiu o vento, e começou a gostar do frio. E teve vontade de tomar um novo banho de chuva, talvez no verão.
Correu para o abismo, como se houvesse uma ponte invisível e, quando chegou para uma corrida sem superfície, nada mais poderia acontecer em um planeta regido pela gravidade, pulou como uma criança que pula na piscina da casa nova. Sorriu antes que a escuridão o cobrisse. Não sabia onde estava indo, mas não seria pior do que havia deixado para trás, simplesmente porque não poderia viver sem elas. Esse pequeno momento, poderia ter sido usado para contar uma vida inteira.
Não haviam borboletas por perto, nem mesmo uma.

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