Viagem pra lua

O garoto havia decidido, partiria antes da primavera.
Iria para onde sempre desejou estar, para onde sempre o acusavam de estar, para onde realmente interessava ir. Ele iria para a lua.
Bolou um plano infalível.
Pegaria o velho e bom skate. Remaria o máximo que conseguisse e com toda velocidade saltaria do terraço do aeroporto e seguraria nas asas de algum avião, até estar alto o suficiente para voar até a lua.
Ninguém acreditou quando, naquela quarta-feira tediosa, um garoto de sete anos voou do terraço agarrando a asa do avião com seu velho skate.
Ele voou para além da visão de espanto de todos que ali estavam.
Quando estava suficientemente alto, soltou o avião e foi para o espaço, para a lua.
Era um lugar fantástico, indescritível. Tudo o que ele sempre quis existia ali, televisão depois das nove da noite, chocolate antes do almoço, e não havia injeção. Não havia americanos ou russos, nem seus pais, nem ninguém. A lua era dele, ele podia fazer o que quisesse. E aproveitou, fez tudo o que poderia e gostaria de ter feito.
Mas um dia ele enjoou.
Cansou de ser o garoto que vivia no mundo da lua.
Decidiu voltar para a terra, virou engenheiro.